Pela primeira, um governo reúne outras atribuições à pasta
de Cultura, por isso Athayde Nery prevê um árduo trabalho para o que ele chama
de “dar uma cara nova a política cultural do Estado”.
Para cumprir a missão, ele traçou um plano de ação que vem
sendo discutido continuamente com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Mesmo
sabendo que neste primeiro ano de mandato a ordem será enxugar os gastos em
todas as secretarias, Athayde acredita que será possível manter alguns projetos
criados na gestão passada, como o "MS Canta Brasil", realizado uma
vez por mês, no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande.
Por enquanto, a única certeza é a realização dos festivais
da América do Sul, em Corumbá e de inverno, que acontece em Bonito há 15 anos.
Para Athayde, a continuidade desses dois eventos é primordial para divulgar o
potencial econômico e turístico de Mato Grosso do Sul. A intenção do secretário
é retomar as parcerias com a iniciativa privada que as gestões passadas tiveram
nas primeiras edições dos festivais e que, segundo ele, foram perdidas ao longo
dos anos por falta de um diálogo com a sociedade e principalmente com as
administrações dos municípios em que eles acontecem.
O resultado, na opinião de Athayde, foi a descaracterização
dos eventos, que se resumiram apenas às atrações culturais, já que a falta de
recursos dificultou a realização de um evento de grande porte. O objetivo é
recuperar os investidores para minimizar os custos do governo estadual. Athayde
lembra que na primeira edição do Festival América do Sul, em 2004, o governo
conseguiu captar R$ 3 milhões e desembolsou apenas R$ 300 mil.
Na última edição, em 2014, o governo gastou R$ 1 milhão,
porém conseguiu captar apenas R$ 150 mil. “Temos que trazer esses empresários
para caminhar com a gente novamente. Esses festivais são uma vitrine para nosso
Estado. Além de mostrar nossa cultura para outras regiões, mostramos que é
possível investir aqui, gerar renda e empregos”, destaca. Para a edição de
2015, ele calcula ser necessário R$ 4 milhões para organizar o evento. A maior
parte desses recursos ele esperar captar na iniciativa privada.
As negociações para a realização dos dois festivais estão
avançadas, tanto que o América do Sul já tem calendário definido e vai
acontecer em Corumbá, entre os dias 3 e 7 de junho. Quando as atrações, o
secretário conta que está mantendo contato com artistas da Bolívia, Paraguai e
Uruguai para definir as apresentações.
As datas para o Festival de Inverno de Bonito ainda estão
sendo negociadas. Para viabilizar os eventos, Athayde está participando de
encontros com os prefeitos de Bonito, Leonel Lemos de Souza Brito, o Leleco (PT
do B) e de Corumbá, Paulo Duarte (PT). “Estou tendo total apoio deles. Todos
sabem da importância de divulgar nosso nome lá fora”, diz
Mas a ideia é ir além do caráter cultural, tanto que para o
Festival América do Sul será elaborado um roteiro de palestras e fóruns com
especialistas e autoridades do estado para discutir a preservação do Pantanal e
energias alternativas, menos poluentes a fauna e flora da região. “O Pantanal é
nosso grande chamariz. Além de divulgar esse ecossistema rico, é importante
aproveitar o evento para trocar ideias com outros gestores sobre preservação do
meio ambiente”, afirma.
A posição estratégica do Estado frente ao Mercosul também
deve ser explorada, dando ênfase a economia local. Em Bonito não será
diferente. Através do Festival de Inverno, a intenção questões relacionadas a
proteção da região. Para isso, Athayde acredita que é importante envolver todas
as secretarias em torno do tema. “Em Bonito tem um problema que são os resíduos
que sujam os rios, um fator que pode ser discutido com a secretaria de Obras. É
necessário promover essa união das pastas”, diz.
Para atingir essa meta, Athayde conta que serão promovidos
fóruns e encontros com gestores do setor de todos os municípios para conhecer
as realidades de todas as regiões. A ideia é criar o marco regulatório ainda
neste primeiro semestre.
O terceiro ponto destacado pelo secretário, é a necessidade
de integralizar os municípios através da tecnologia, criando o que ele chama de
Estado Digital. O objetivo é trocar informações em todo o estado sobre o setor,
através da instalação de pontos de acesso a internet. “Vamos popularizar o uso
da tecnologia, facilitando a vida tanto de quem está nas aldeias,
assentamentos, quanto de quem mora na cidade”, afirma.
Para desenvolver esses parques tecnológicos, o secretário
vai convidar estudantes das universidades públicas do Estado para contribuir
com o desenvolvimento de projetos que viabilizem essa integração digital.
Viabilizar todos esses projetos exigem recursos que Athayde
Nery sabe que estão escassos neste primeiro momento da administração, mas
acredita na união de todo o secretariado para atingir ao menos, parte da meta
neste primeiro ano de gestão. “Já estou agendando visitas no Ministério da
Ciência e Tecnologias e buscando parcerias na iniciativa privada. Herdamos um
Estado com uma situação crítica, por isso estou fazendo um mapeamento do que
dispomos para buscar soluções criativas”.
O secretário se mostrou otimista, já que governador Reinaldo
Azambuja sinalizou com a destinação de 1,5% do orçamento para o setor cultural,
o que significa um montante de R$ 130 milhões para serem empregados em projetos
culturais ao longo dos quatro primeiros anos de governo. “O importante é não
concentrar as ações apenas na Capital e fazer com que elas cheguem aos
municípios, queremos descobrir novos talentos e mostrar as características
culturais de cada cidade que ficaram esquecidas”, garante.
Fonte: Campo Grande News